Código de governo (ESG) – a importância para as PME
(English Below) 🇵🇹
O tema da Sustentabilidade tem vindo a ter uma evolução lógica, desde os tempos dos chamados 3P (People-Planet-Profit) acompanhando mais recentemente a 4ª Revolução Industrial (I4.0), num conceito que representa a automação industrial e a integração de diferentes tecnologias como o da inteligência artificial (IA), robótica (esta já bem presente), internet das coisas e clouds, tudo com o objetivo de promover a digitalização das atividades, num mundo em “Mudança Geracional” com elevada preocupação para a lógica ESG(a começar pelo pilar Ambiental, mas não só), e perante um caminho de inovação tecnológica em enorme aceleração, obrigando a um novo posicionamento, num parar para pensar, de profunda reflexão, de ajuste na missão ou propósito das empresas, ou seja qual a visão estratégica a seguir!
O ESG é uma sigla que significa Environmental (E), Social (S) Governance (G) (Ambiental-Social-Económico), numa proposta da ONU de 2004 e referida no relatório do Banco mundial como “Who Cares Wins”, a ser aplicado na gestão das empresas pela utilização de critérios socioambientais e económicos, de forma equilibrada, com transparência e ética, de uma forma competitiva e a favor da estabilidade presente e futura das empresas! A primeira reflexão terá a ver com a estrutura do próprio tecido empresarial que, de uma forma geral a nível Europeu é constituído por uma larga maioria de PME (até 99%) e entre as quais cerca de 65%-80% são famílias empresárias, muitas vezes esquecidas, sendo as empresas familiares parte essencial do tecido económico e social da Europa, representando 40%-50% do emprego no sector privado e, hoje, preocupadas com a formação dos seus colaboradores, na diversificação da suas atividades, pela aposta na inovação tecnológica e na problemática da sucessão, esta também a “viver” a problemática demográfica! Tendo em conta a importância das empresas familiares a própria Comissão Europeia as leva em consideração na elaboração das novas diretrizes do ESG Europeu, nomeadamente na não obrigatoriedade ao nível do “reporting”, numa primeira fase.
A segunda reflexão advém da primeira, as PME trabalham ancoradas nas grandes empresas, sendo que estas já estão a avançar na nova lógica da IA e do ESG, recrutando e “formando” quadros para acompanhar estes novos desígnios. E aqui, quiçá, se encontra um dos “pilares de mudança”, pela obrigatoriedade de formação contínua ao longo da vida das empresas, formação como fator chave na base de conhecimentos que permitirão uma abordagem positiva ao tema do Código de Governo (ESG) e até pela natural flexibilidade das PME à reação, agilidade e ajuste a novos desafios! Porquê tantas associações empresariais, entidades bancárias, universidades e outras Instituições relevam hoje o tema do ESG? Porque a Comissão Europeia está em fase final de aprovação das novas diretivas ESG, no âmbito do Green Deal, com o Banco Central Europeu (BCE) a assumir o compromisso da sustentabilidade, levando a Banca a ser obrigada a exigir às grandes empresas “report” de sustentabilidade em 2025, com a banca a ajudar atualmente as PME na preparação dos elementos relativos ao ESG, para atribuição de financiamentos ou penalização na diferenciação de taxas de juros!
Dentro de uma Visão Estratégica ESG numa PME ou PME Familiar, para muitas será o listar de muitas ações que são práticas dispersas na “cultura da empresa”, nomeadamente quando em presença de sistemas de qualidade, políticas internas ambientais, de responsabilidade social, ou a trabalhar com empresas que a isso já os obrigam!
Diferente será interiorizar esse novo “mindset”, de uma forma consistente e continuada, passo a passo, sempre tendo em consideração os 3 pilares ESG. Interessante analisar que com o Covid e a problemática dos custos energéticos, as empresas optaram por investir em soluções energéticas renováveis, monitorização energética, investimento em painéis fotovoltaicos, mobilidade automóvel elétrica, soluções inovadoras de gestão e sistemas de software de gestão industrial, diminuição no consumo de água e eletricidade, ou pelo tratamento de águas residuais, separação de resíduos, o Covid trouxe também o acelerar da digitalização empresarial, ou seja, estes são exemplos de políticas na Sustentabilidade Europeia (ESG)!
“To be, or not to be… ESG…That is the question?”
Num mundo com uma clara “Mudança Geracional”, em velocidade acelerada, com novos desafios e novas oportunidades, a preparação da empresa para a sustentabilidade é um “must”, uma necessidade ao nível de um novo pensar para a empresa, posicionando as pessoas no centro das organizações, dando prioridade na aposta cada vez mais exigente pelas preocupações ao nível da formação contínua e partilha do conhecimento a nível transversal, uma exigência ainda maior com inteligência artificial, com politicas humanistas, permitindo o envolvimento das equipas ao nível decisório, as lideranças em práticas de transparência e verdade pelo exemplo, nas condições de trabalho, da massa salarial, pela criação de riqueza, demérito e em prol do bem comum, pela preocupação sobre o bem estar, flexibilidade laboral e trabalho hibrido, mais focados na conciliação trabalho-família, ou, do compromisso de pagamentos pontuais à capitalização e valorização de rácios positivos de autonomia financeira, são elementos de gestão ESG que podem permitir uma imagem da empresa, uma visibilidade positiva com enormes ganhos, sobre um tema em preocupação elevada nos dias de hoje, ao nível da atração e retenção de talentos, empresas onde as novas gerações se sintam confortáveis, participativas na mudança, lado a lado com o conhecimento adquirido daqueles que já “viveram” e, para muitos líderes empresariais familiares, que já receberam um “legado” da geração anterior.
– Utopia ou realismo?
Com humanismo, foco, profissionalismo, empenho, transparência, ética, inovação?
Vivemos em Portugal, somos portugueses, gostamos de ser europeus e é chegado mais um momento de afirmação diferenciadora e positiva ao nível europeu para as PME em geral, e as PME familiares muito em particular, mostrarem a sua dinâmica e agilidade transformadora de adaptação aos novos desígnios, colocando a “cultura da sustentabilidade” como um pilar fundamental no sucesso coletivo empresarial, passando também pelo cuidar do nosso planeta, com todos a serem chamados a tal?
Por David Zamith
Vida Económica | Negócios e Empresas | 08 de março de 2024.
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Governance Code (ESG) – The importance for SMEs
The subject of sustainability has been evolving logically since the days of the so-called 3Ps (People-Planet-Profit), and more recently with the 4th Industrial Revolution (I4. 0), in a concept that represents industrial automation and the integration of different technologies such as artificial intelligence (AI), robotics (which is already very present), the internet of things and clouds, all with the aim of promoting the digitisation of activities, in a world undergoing “Generational Change” with a high level of concern for ESG logic (starting with the Environmental pillar, but not only), and faced with a path of technological innovation that is accelerating enormously, forcing a new positioning, a pause for thought, deep reflection, an adjustment in the mission or purpose of companies, in other words, what strategic vision to follow!
ESG is an acronym that stands for Environmental (E), Social (S) Governance (G), in a 2004 UN proposal and referred to in the World Bank report as “Who Cares Wins”, to be applied in company management by using socio-environmental and economic criteria, in a balanced, transparent and ethical way, in a competitive manner and in favour of the present and future stability of companies! The first reflection will have to do with the structure of the business fabric itself, which in general at European level is made up of a large majority of SMEs (up to 99%) and among which around 65%-80% are entrepreneurial families, often forgotten, family businesses being an essential part of the economic and social fabric of Europe, representing 40%-50% of employment in the private sector and, today, concerned with the training of their employees, the diversification of their activities, the commitment to technological innovation and the problem of succession, which is also “living” the demographic problem! In view of the importance of family businesses, the European Commission itself has taken them into account when drawing up the new European ESG guidelines, in particular by not making reporting compulsory in the first instance.
The second reflection stems from the first: SMEs work anchored in large companies, which are already moving forward with the new logic of AI and ESG, recruiting and “training” staff to accompany these new designs. And here, perhaps, lies one of the “pillars of change”, due to the obligation of continuous training throughout the life of companies, training as a key factor in the knowledge base that will enable a positive approach to the subject of the Code of Governance (ESG) and even the natural flexibility of SMEs to react, be agile and adjust to new challenges! Why are so many business associations, banks, universities and other institutions emphasising the ESG issue today? Because the European Commission is in the final stages of approving the new ESG directives, as part of the Green Deal, with the European Central Bank (ECB) making a commitment to sustainability, leading banks to be obliged to require large companies to “report” on sustainability by 2025, with banks currently helping SMEs to prepare elements relating to ESG, in order to allocate funding or penalise interest rate differentiation!
Within an ESG Strategic Vision in an SME or Family SME, for many it will be the listing of many actions that are dispersed practices in the “company culture”, namely when in the presence of quality systems, internal environmental policies, social responsibility, or working with companies that already oblige them to do so!
It will be different to internalise this new mindset consistently and continuously, step by step, always taking into account the 3 ESG pillars. It’s interesting to see that with Covid and the problem of energy costs, companies have chosen to invest in renewable energy solutions, energy monitoring, investment in photovoltaic panels, electric car mobility, innovative management solutions and industrial management software systems, reduced water and electricity consumption, or wastewater treatment, waste separation, Covid has also brought about the acceleration of business digitalisation, in other words, these are examples of European Sustainability (ESG) policies!
“To be, or not to be… ESG… That is the question?”
In a world with a clear “Generational Change”, at accelerated speed, with new challenges and new opportunities, preparing the company for sustainability is a “must”, a necessity in terms of new thinking for the company, placing people at the centre of organisations, prioritising an increasingly demanding commitment to continuous training and knowledge sharing across the board, an even greater demand for artificial intelligence, humanist policies, allowing teams to be involved at decision-making level, leadership practices of transparency and truth by example, working conditions, wages, wealth creation, The commitment to making punctual payments, capitalisation and the enhancement of positive financial autonomy ratios are all elements of ESG management that can give the company a positive image and visibility with huge gains, On a subject that is of great concern these days, in terms of attracting and retaining talent, companies where the new generations feel comfortable, participate in change, side by side with the knowledge acquired from those who have already “lived” and, for many family business leaders, who have already received a “legacy” from the previous generation.
– Utopia or realism?
With humanism, focus, professionalism, commitment, transparency, ethics and innovation?
We live in Portugal, we are Portuguese, we like to be European and now is another time for differentiating and positive affirmation at European level for SMEs in general, and family SMEs in particular, to show their dynamism and transforming agility in adapting to new challenges, placing the “culture of sustainability” as a fundamental pillar in collective business success, also including taking care of our planet, with everyone being called upon to do so?
By David Zamith
Vida Económica | Negócios e Empresas | March, 08 2024.